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Incêndio no Hospital Badim: as 10 vítimas morreram por asfixia e desligamento de aparelhos
Chamas atingiram prédio às 18h30 de quinta; nesta sexta, Defesa Civil interditou a unidade.
A direção do Hospital Badim, atingido por um incêndio na noite desta quinta-feira (12), afirmou nesta sexta (13) que os bombeiros encerraram no fim da madrugada as buscas por mortos. Ao menos 10 corpos – todos de pacientes e a maioria idosos – foram retirados.
Na madrugada desta sexta, a Defesa Civil informou que havia 11 mortos. No início da tarde, no entanto, a Polícia Civil afirmou que eram 10 corpos no Instituto Médico Legal (IML).
Segundo exames preliminares, a maioria das vítimas estava no CTI do hospital e morreu asfixiada com a fumaça, sem queimaduras graves. Algumas sofreram com o desligamento dos aparelhos.
“A maioria foi por asfixia, alguns casos não, mas coisas correlacionadas ao acidente (…) São descompensações das doenças que as pessoas, relacionadas aos aparelhos que as mantinham vivas e que deixaram de funcionar com o incêndio”, explicou Gabriela Garça, diretora do IML que coordenou a necropsia.
Mortos na tragédia:
- Alayde Henrique Barbieri
- Ana Almeida do Nascimento, 90 anos;
- Berta dos Santos, 93 anos
- Darcy da Rocha Dias, 88 anos
- Irene Freiras de Brito, 84 anos;
- José Costa de Andrade
- Luzia dos Santos Melo, 88 anos;
- Maria Alice Teixeira da Costa, 76 anos;
- Marlene Menezes Fraga, 85 anos
- Virgílio Claudino da Silva, 66 anos.
A direção do hospital abriu os canais suportefamiliares@badim.com.br e (21) 971013961 (com acesso ao WhatsApp) para atender parentes de vítimas.
Resumo até aqui:
- 10 pacientes morreram após um incêndio de grandes proporções no Hospital Badim
- Maioria das mortes foi por asfixia; ninguém morreu queimado
- O número de feridos não foi confirmado
- O fogo começou por volta das 18h30 de quinta-feira, e a fumaça se espalhou
- A suspeita é que chamas começaram após um curto-circuito em um gerador, mas a hipótese não foi confirmada
- Hospital diz houve falta de luz antes do fogo; Light afirma que não registrou queda de energia
- 103 pessoas estavam internadas na unidade no momento do incêndio, das quais 90 foram transferidas
- 224 funcionários trabalhavam no turno quando as chamas começaram – nenhum deles morreu, segundo o hospital
- Unidade foi esvaziada, e pacientes foram levados para ruas próximas, onde ficaram em macas
- Hospital tinha licenças em dia, segundo Bombeiros e prefeitura
- Defesa Civil interditou o prédio do hospital após incêndio
Remoção de pacientes
A varredura dos bombeiros começou por volta das 21h45, cerca de uma hora após o fogo ter sido considerado debelado, e seguiu pela madrugada. Os corpos foram retirados em sacos e levados ao Instituto Médico-Legal (IML).
Segundo os bombeiros, cerca de 90 dos 103 pacientes internados foram transferidos para as seguintes unidades de saúde:
- Anexo do Badim, que não foi atingido no incêndio;
- Hospital Universitário Gaffrée e Guinle;
- Hospital Israelita Albert Sabin;
- Hospital Municipal Souza Aguiar;
- Hospital Copa D’Or;
- Hospital Quinta D’Or;
- Hospital Norte D’Or;
- Hospital Caxias D’Or;
- Hospital Rio’s D’Or.
Enfermeiros, médicos, bombeiros e moradores da região ajudaram a acomodar pacientes em colchões nas calçadas na Rua São Francisco Xavier e em uma creche vizinha.
Como foi o incêndio
O fogo começou por volta das 18h30 em um dos dois prédios do complexo – o mais antigo, aberto em 2000.
De acordo com a direção do hospital, a principal suspeita é de um curto-circuito no gerador do prédio 1, espalhando fumaça para todos os andares do prédio antigo.
Ainda segundo a direção, os pacientes do Centro de Tratamento Intensivo 1 (CTI) foram retirados e receberam os primeiros atendimentos na Rua Arthur Menezes por volta das 19h30. Os pacientes do CTI 2, que tem 20 leitos, também foram retirados.
Pacientes e funcionários começaram a sair do hospital assim que o incêndio começou. Uma mulher tentou fugir pela janela com uma corda de lençóis e caiu do 3º andar.
O dono da creche que fica ao lado do hospital contou que, inicialmente, os pacientes que têm quadro de saúde mais grave foram levados para lá.
Moradores vizinhos ao Hospital Badim precisaram deixar suas casas rapidamente. O motivo da pressa foi o medo que as paredes que ficam coladas ao hospital pudessem desabar.
Hospital diz que faltou luz; Light nega
A direção do hospital diz que houve duas quedas de energia antes do incêndio. A Light, concessionária de energia do Rio, informou que não houve registro de interrupção do fornecimento de energia antes do fogo; após, foi desligado para facilitar o trabalho dos bombeiros.
O presidente Jair Bolsonaro manifestou solidariedade aos familiares das vítimas do incêndio e ofereceu ajuda do governo federal no que for necessário, disse o porta-voz da Presidência da República, Otávio Rêgo Barros, na manhã desta sexta-feira (13), em São Paulo.
Licenças em dia
Por meio de nota, a Prefeitura do Rio informou que o Hospital Badim possui Habite-se desde maio de 2003. Em 20 de agosto de 2018, o município emitiu uma licença de modificação, com acréscimo sobre área descoberta de pavimento de estacionamento elevado – essa licença está vigente até 20 de fevereiro de 2020. Portanto, segundo a Secretaria Municipal de Urbanismo, a documentação está em dia.
A assessoria de comunicação do Corpo de Bombeiros informou que as licenças de funcionamento do hospital também estão atualizadas.
Risco de contaminação radioativa descartado
No fim da manhã desta sexta, a Polícia Civil descartou que equipamentos de exames de imagem que usam material radioativo tenham sido atingidos pelo fogo. Segundo o delegado Roberto Ramos, não há risco de contaminação.
Sobre o hospital
O Hospital Badim é uma unidade de saúde particular, de propriedade de José Badim, associada à Rede D’Or São Luiz, que não participa da gestão.
O prédio que pegou fogo foi construído há 19 anos no Maracanã. Outro prédio, anexo a ele, foi inaugurado em 2018. Ao todo, o complexo hospitalar tem 15,7 mil m² de área construída, 128 leitos de internação, 32 leitos de tratamento intensivo e cinco salas de centro cirúrgico, de acordo com o site institucional.
No final da noite desta quinta, a direção do Hospital Badim emitiu uma nota:
“A Direção do Hospital Badim vem a público expressar seu profundo pesar em relação ao incêndio ocorrido na noite desta quinta-feira.
Informamos que 103 pacientes estavam internados no hospital no momento do episódio.
Imediatamente, a brigada de incêndio iniciou a evacuação do prédio, mesmo antes da chegada do Corpo de Bombeiros.
Desde o primeiro momento a prioridade total foi socorrer os pacientes e funcionários e salvar vidas. Mais de 100 médicos foram mobilizados para dar assistência aos pacientes que estavam sendo socorridos.
Face a esse fato trágico, a solidariedade dos hospitais privados e das Secretarias Estadual e Municipal de Saúde está garantindo que os pacientes sejam transferidos.
Para transmitir informações seguras, a Direção se manifestará novamente à medida em que o Corpo de Bombeiros terminar o seu trabalho e liberar o acesso ao prédio.
O trabalho dos bombeiros continua e nos mantemos solidários às famílias, pacientes e funcionários envolvidos.
A Direção”
Mais tarde, durante esta madrugada, a direção emitiu outra nota:
A direção do Hospital Badim informa que logo após o início da remoção dos pacientes pelo Corpo de Bombeiros o comitê de apoio foi acionado para começar uma busca ativa pelos pacientes que foram transferidos para unidades de saúde do Rio de Janeiro. Está sendo disponibilizado o número de Whatsapp 97101-3961 e o e-mail suportefamiliares@badim.com.br para que os familiares dos pacientes envolvidos no episódio entrem em contato para receber informações sobre sua localização.
Além disso, o hospital enviou funcionários para os principais hospitais do Rio de Janeiro a fim de monitorar a chegada de pacientes transferidos.
Mais uma vez a direção do Hospital Badim externa sua imensa tristeza diante do ocorrido.
Uma última nota foi divulgada no fim desta madrugada:
A direção do Hospital Badim continua acompanhando o trabalho do Corpo de Bombeiros. Os familiares dos pacientes e funcionários envolvidos no episódio receberam atendimento pelo comitê de apoio do hospital, inclusive de uma assistente social.
Todas as providências estão sendo tomadas para acolher as famílias. Informamos que a direção do hospital irá se pronunciar após a inspeção do Corpo de Bombeiros e da Polícia Civil, que deve acontecer ainda na manhã desta sexta feira (13/9).