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Diplomacia ambiental se torna pauta geopolítica para o agro

Embaixador Rubens Barbosa alerta que política ambiental brasileira precisa ser objetiva para concretizar acordo entre União Europeia e Mercosul

Produção sustentável, acordos comerciais entre blocos e políticas ambientais pautaram, nesta quarta-feira (2/10), um evento em São Paulo que trouxe à discussão a diplomacia ambiental como fator decisivo no comércio internacional. Apesar de o mercado externo ter ameaçado boicotar a importação de produtos brasileiros, como soja e carne bovina, devido às queimadas na Amazônia, o embaixador Rubens Barbosa, atuante em Washington (EUA) entre 1999 e 2004, defende que ainda há tempo de o Brasil comprovar sua atuação sustentável para que o acordo seja concretizado.

“Esse acordo ainda não foi assinado. A ratificação vai ser assinada no segundo semestre do ano que vem, e vai ser ratificado pelos parlamentos daqui a dois anos. Então nós temos dois anos para ter um discurso que mostre objetivamente o que está sendo feito para não prejudicar a assinatura do acordo, porque tem alguns países que estão com muitas reservas em relação à aprovação desse acordo”, explica Rubens Barbosa.

O presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG), Marcello Brito, lembra que 95% dos 5,4 milhões de propriedades rurais do Brasil trabalham livre de desmatamento. Ainda assim, “um país que se orgulha de ter 65% de cobertura vegetal e ser o dono da Floresta Amazônica não pode permitir que o número de dois dígitos de desmatamento volte”, se refere o executivo a dados discutidos na Semana do Clima em Nova Iorque, no final de setembro.

Ainda segundo o embaixador, há dois fatores que estão diretamente ligados à atualidade: “Primeiro, a política ambiental passou a ser instrumento de política comercial, isso há três ou quatro anos não existia. Segundo, nas eleições de alguns meses atrás na Europa houve uma ‘onda verde’, os ‘partidos verdes’ passaram a ter uma posição importante como fiadora do equilíbrio político no parlamento europeu”, como é o caso de países como Alemanha, França e Irlanda, e as repercussões da ativista Greta Thunberg.

Reflexo do envolvimento mais assíduo das organizações não-governamentais e de consumidores, o ambientalismo vem interferindo nos desdobramentos comerciais e no cenário geopolítico. Com base nos dois anos em que a assinatura do acordo entre UE e Mercosul deve levar, conforme explicou Rubens Barbosa, a temática e o poder de articulação tende a ser levada aos palanques como proposta de governo para as eleições de 2022.

Clima, biodiversidade, desmatamento e segurança alimentar são pautas cada vez mais ligadas ao comércio internacional, por isso Marcello Brito destaca que o Brasil não pode mais assumir o discurso de ser ‘o celeiro do mundo’. “Vamos tirar da frente essa mania de achar que se o Brasil não produzir, o mundo passará fome. Se o Brasil não produzir alguma coisa, outro país irá produzir, porque espaços abertos foram feitos para serem preenchidos. Enquanto a gente fica sentado se orgulhando disso ou daquilo, os outros estão esperando a oportunidade de ocupar o espaço aberto”, alerta o presidente da ABAG.

 

 

Fonte/link: MARIANA GRILLI – https://revistagloborural.globo.com/Noticias/Sustentabilidade/noticia/2019/10/diplomacia-ambiental-geopolitica-agro.html