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Ano foi marcado por quebra na safra de soja no Brasil

Em 2022, a rentabilidade dos produtores brasileiros de soja subiu, mesmo com o aumento dos custos de produção

PUBLICADO EM 25/12/2022 ÀS 11H05 POR AGÊNCIA SAFRAS

mercado brasileiro de soja em 2022 foi marcado por uma quebra histórica na safra brasileira, com problemas derivados do fenômeno La Niña que atingiram os estados da Região Sul e parte do Mato Grosso do Sul.

“Apesar disso, os demais estados produtores do país tiveram grandes produtividades médias e uma grande rentabilidade diante de novos recordes de preços registrados ao longo do ano”, explica o analista e consultor de Safras & Mercado, Luiz Fernando Gutierrez Roque.

O ano começou com Chicago em forte alta devido às perdas produtivas iminentes nas safras do Brasil, Argentina e Paraguai.

“A falta de umidade registrada a partir do mês de novembro de 2021 no Sul do Brasil, na Zona Núcleo da Argentina e na maior parte do Paraguai trouxe grandes problemas para o desenvolvimento das lavouras, o que levou a uma grande redução o potencial produtivo das plantas”, lembra o analista.

Tal fato culminou em grandes perdas produtivas na América do Sul, que levaram Chicago a sair do patamar de US$ 12 em novembro de 2021 para valores próximos a US$ 17 por bushel nos primeiros meses de 2022.

Prêmios em alta frente à menor oferta, um dólar firme devido a desaceleração da economia mundial, guerra entre Rússia e Ucrânia e fatores internos ligados à questão fiscal e à eleição presidencial levaram os preços internos a atingirem novos recordes ainda em março. “As cotações superaram a casa de R$ 200,00 por saca nos portos brasileiros e em algumas praças do interior do país, patamares jamais atingidos”, destaca o consultor.

Rentabilidade da soja

A rentabilidade dos produtores brasileiros subiu junto, mesmo com o aumento dos custos de produção que foram impactados principalmente pela alta dos fertilizantes no mercado internacional devido a problemas de oferta e aumentos dos insumos produtivos relacionados à guerra na região do Mar Negro.

A partir de março, o mercado começou a olhar com maior atenção para a nova safra norte-americana, que começaria a ser plantada ainda em abril.

O relatório de intenção de plantio do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) surpreendeu o mercado ao trazer um grande aumento na área a ser plantada com soja na nova temporada, com a área da oleaginosa superando pela primeira vez a área de milho nos Estados Unidos.

“Isto pesou sobre Chicago, que voltou a trabalhar em patamares mais baixos devido ao grande potencial produtivo norte-americano”, pondera Gutierrez Roque.

Mas, a partir de junho, com o plantio já finalizado, o USDA começou a trazer cortes no tamanho da área norte-americana. Além disso, o clima relativamente irregular que atingiu alguns importantes estados produtores levou também a cortes de produtividade nos meses seguintes. “Em suma, uma safra que seria a maior da história dos EUA, com área e produção recordes, foi apenas a terceira maior, o que levou a um novo quadro de estoques baixos”, ressalta. “Trouxe algum fôlego para Chicago, ajudando a trazer suporte aos preços brasileiros”, acrescenta.

Já no último trimestre do ano, o mercado voltou a centralizar suas atenções na nova safra sul-americana.

Os produtores brasileiros semearam a maior área da história do Brasil na temporada 2022/23, o que nos traz um novo potencial produtivo recorde.

“A expectativa é que mesmo com mais um ano de La Niña, as produções dos estados do Sul do Brasil se recuperem, o que permitirá uma nova produção recorde no Brasil”, salienta o analista.

Com um clima favorável na maior parte do país, até o final de dezembro as lavouras da maioria dos estados se desenvolvem bem.

“Dificilmente teremos perdas produtivas relevantes nas regiões Centro-Oeste, Sudeste, Nordeste e Norte”, acredita.

Apesar disso, o mercado encerra o ano de olho na safra do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. Com pouca umidade registrada desde novembro, houve atrasos no plantio e o desenvolvimento inicial das lavouras foi bastante irregular.

“Mas, se as chuvas retornarem a partir de janeiro, é possível que a maior parte das lavouras se recupere, o que ainda permitirá a colheita de uma safra satisfatória”, comenta Roque. Tudo depende agora do clima nos meses de janeiro e fevereiro. “Se tudo der certo, a produção brasileira que começará a ser colhida ainda em janeiro deverá superar o patamar de 150 milhões de toneladas pela primeira vez na história, consolidando uma nova safra recorde”, completa.

Ano foi marcado por quebra na safra de soja no Brasil