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Coronavírus: CNA avalia impactos no comércio interno e no exterior

O boletim semanal da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) traz um balanço de suas ações no período de 13 a 17 de abril, com destaque nas áreas de crédito rural e comercialização, para ajudar o produtor rural a enfrentar a crise provocada pela pandemia do Covid-19.

A entidade também faz uma análise do comportamento dos setores de frutas e hortaliças, commodities agrícolas, lácteos, aves e suínos, boi gordo e aquicultura, e relata os principais acontecimentos do agro no comércio internacional que têm relação com o Brasil.

 

MEDIDAS DE APOIO NA ÁREA DE CRÉDITO E PRORROGAÇÕES

Após a publicação da Resolução nº 4.801/2020, do Conselho Monetário Nacional (CMN), muitos produtores foram às agências bancárias prorrogar as parcelas dos seus financiamentos. Porém, tivemos relatos de situações em que o banco se recusou a prorrogar ou cobrou taxas mais elevadas para fazer.  Nesse contexto, a CNA solicitou a Ministério da Agricultura alteração na respectiva resolução no que se refere à reclassificação nas fontes de recursos utilizadas para a prorrogação. A entidade defende que as condições pactuadas nos contratos originais sejam mantidas e que o produtor tenha seu direito de prorrogação assegurado.

A CNA solicitou ao Ministério da Economia prorrogação até 30 de outubro para adesão dos produtores à Resolução nº 4775/2019 do CMN. O prazo atual para o produtor manifestar interesse em compor suas dívidas com a instituição financeira credora é até 30 de abril deste ano. No entanto, o Ministério da Economia publicou a portaria nº 48 no final de fevereiro, quase quatro meses após a Resolução e os bancos não conseguiram adequar seus sistemas de informática para fazer a renegociação com os produtores.

Para as cadeias de hortifruti e flores, a CNA se reuniu com o Banco do Brasil para tentar condições melhores do que aquelas anunciadas pelo Conselho Monetário Nacional. Para esses setores, o Banco está concedendo 180 dias de prorrogação para o pagamento das parcelas de custeio vencidas ou com vencimento entre março e junho de 2020.

Já para as parcelas de investimento vencidas ou com vencimento no mesmo período, a parcela poderá ser paga no mesmo mês do vencimento original, mas no ano seguinte ao vencimento final do contrato. A implementação dessa medida prevê a dispensa da apresentação de laudo técnico de comprovação de perdas e capacidade de pagamento.

Foi solicitada à Secretaria da Receita Federal a prorrogação do prazo para as prefeituras conveniadas apresentarem os Valores da Terra Nua (VTN) dos municípios. A proposta visa evitar a supervalorização dos preços de terras, fator que impacta diretamente no Imposto Territorial Rural (ITR), uma vez que os sindicatos rurais estão impossibilitados de participar dos levantamentos em função das medidas de isolamento social.

 

COMÉRCIO ELETRÔNICO

A CNA, com o apoio do Ministério da Agricultura, lançou uma plataforma de comércio eletrônico como forma de viabilizar a comercialização de alimentos por setores prejudicados pela crise de Covid-19. Nela, produtores, compradores e transportadores terão oportunidade de fazer negócios. O lançamento foi acompanhado de um guia de orientação com dicas e cuidados para o comércio online.

 

ANÁLISES SETORIAIS

Frutas e hortaliças

Com a demanda ainda baixa, os produtos frescos estão sendo afetados pelas oscilações de preços. A redução sazonal dos preços tem sido verificada para frutas como caqui, tangerina ponkan e maçã. O contrário tem ocorrido com o tomate, mamão e melancia, por exemplo, que estão apresentando leves recuperações em função da oferta menor.

Produtores exportadores de frutas terão de aguardar para planejar a próxima safra, pois têm encontrado dificuldade para fechar contratos com países importadores, como os da Europa, que sinalizam que irão postergar as negociações.

 

Commodities agrícolas

No setor sucroenergético, a queda do preço do petróleo tem reduzido o preço da gasolina e, consequentemente, do etanol. Na última quarta-feira (15) a Petrobras reduziu em 8% o preço da gasolina nas refinarias, uma queda acumulada de cerca de 50% no ano.

Para evitar um colapso, o setor propôs ao Governo medidas emergenciais: a garantia de remuneração aos produtores de cana-de-açúcar; uso do produto como garantia  em  empréstimo; a isenção temporária  de  PIS/Cofins  sobre o etanol  hidratado e o aumento da Contribuição de Intervenção sobre Domínio Econômico (Cide) sobre a gasolina.

Enquanto isso, cafeicultores buscam esclarecimentos em relação à contratação de mão-de-obra para a colheita que se inicia ainda em abril. Alguns municípios de Minas Gerais e Espírito Santo emitiram comunicado vinculando a contratação de trabalhadores à aprovação prévia pela vigilância sanitária municipal. Ainda não se sabe como isso funcionará na prática.

Quanto aos preços, a saca de 60 kg de café arábica  natural  manteve as  negociações  em  R$600. A saca do café conilon tipo 7 foi negociada no Espírito Santo a R$ 316.

Já no setor de grãos, as consequentes quedas do preço do petróleo e a menor produção do etanol e o fechamento de frigoríficos nos EUA pressionaram os preços do milho e soja no mercado brasileiro. O indicador do milho Esalq/BM&FBovespa registra queda de 13,2% no acumulado de abril, enquanto a soja segue com desvalorização inferior a 1% no mesmo período.

A retomada das compras de soja brasileira pela China nesta semana impediu queda mais acentuada das cotações. Ainda assim, os preços de milho e soja estão favoráveis aos agricultores brasileiros.

 

Lácteos

Em apoio ao setor, a ministra de Estado da Agricultura, Tereza Cristina, sinalizou um orçamento de R$ 130 milhões para o Programa PAA Leite, tendo como prioridade atender a cadeia da região do Nordeste. A medida auxiliará na manutenção da captação do leite por pequenos laticínios que trabalham com agricultura familiar.

 

Aves e Suínos

A permissão de volta das compras de alimentos pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) tem gerado expectativa por parte dos produtores independentes de suínos, os quais ainda enfrentam dificuldade para venda dos animais.

Como alternativa de comercialização, alguns produtores de Minas Gerais conseguiram negociar animais que estavam parados na terminação e enviaram leitões para o abate, evitando ampliar os estoques.

No setor de aves, o preço do frango vivo no interior de São Paulo permanece estável há quase 10 dias, cotado a R$2,90, uma queda de 10,8% em relação a março/20 e 19,4% a abril/19. Os produtores e matrizeiros têm reduzido a produção para evitar maiores quedas na cotação do produto.

 

Boi gordo

Os preços continuam estáveis e começa a ser registrada a dificuldade de venda de cortes mais nobres e destinados ao churrasco no mercado interno.

Em relação às exportações, na primeira semana de abril o volume de carne bovina in natura embarcado foi 9% superior à última semana de março. E a habilitação de novas plantas frigoríficas para o Egito durante esta semana contribuirá com a ampliação das exportações.

 

Aquicultura

A comercialização pós Semana Santa apresentou queda em algumas regiões produtoras de peixes nativos. Em Rondônia, houve queda de 40% no volume comercializado, enquanto faltou tilápia nos supermercados de grandes centros urbanos em diferentes regiões do País.

Após atuação da CNA junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), foi aberto novo canal de comércio de camarão com a Coreia do Sul. Três plantas foram habilitadas para a exportação, medida que irá auxiliar no escoamento da produção de camarão, que teve 80% de seu comércio afetado pelo fechamento do food service.

 

 

 

Fonte/LINK: CNA – https://www.noticiasagricolas.com.br/noticias/agronegocio/257259-coronavirus-cna-avalia-impactos-no-comercio-interno-e-no-exterior.html#.Xp2sgsj0mUk