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Carne: alta dos preços deve afetar consumo durante a Copa 2022

PUBLICADO EM 14/09/2022 ÀS 08H25 POR ARENA CP

Pesquisa da cesta básica divulgada pelo Procon-SP indica que o preço da carne praticamente dobrou da última copa, realizada em 2018, para esta, de 2022

A Copa do Qatar deste ano começa no dia 20 de novembro e até lá, o torcedor brasileiro terá de driblar os preços mais altos se quiser reunir os amigos para fazer churrasco de carne bovina em dias de jogos da seleção. Desde a edição mais recente do torneio, em 2018, os valores dispararam no País.

A pesquisa da cesta básica divulgada pelo Procon-SP, em convênio com o Dieese, dá uma dimensão dos aumentos para o consumidor na capital paulista.

Segundo o levantamento, o preço médio do quilo da carne bovina de primeira era de R$ 22,63 em julho de 2018, quando ocorreu a final da última copa. Em igual mês de 2022, o valor praticamente dobrou, calculado em R$ 43,89.

A alta no período chegou a 93,9% – ou R$ 21,26 a mais. Os cortes de primeira pesquisados são coxão mole e patinho, conforme o Procon-SP.

A carne de segunda teve trajetória semelhante. No mesmo período, o preço médio do quilo subiu de R$ 17,74 para R$ 34,70, uma alta de 95,6% – ou R$ 16,96 a mais. Nesse caso, os cortes pesquisados são acém e músculo.

De julho de 2018 a julho de 2022, a inflação oficial medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo acumulou alta de 27,73% na região metropolitana de São Paulo, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. O avanço no País foi de 27,11% no mesmo período.

Economistas associam a disparada das carnes a uma combinação de ingredientes como procura aquecida no mercado internacional, taxa de câmbio mais alta e custos de produção elevados.

O consultor Fernando Henrique Iglesias, analista da consultoria Safras & Mercado, lembra que o apetite da China por carnes brasileiras teve salto ainda antes da pandemia, devido ao surto da peste suína africana, que afetou a produção de proteína animal no país asiático.

Trajetória dos preços da carne bovina

As vendas seguiram aquecidas durante a crise da Covid-19, e o dólar acima de R$ 5 também estimulou os embarques. O resultado foi uma oferta menor direcionada para o mercado interno, o que pressionou os preços, segundo o economista. “O consumidor ficou saturado com os aumentos. Até por isso os preços da carne pararam de escalar nos últimos meses”, diz Iglesias.

O economista Matheus Peçanha, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas, também cita a demanda externa e o câmbio como fatores que explicam as altas.

Alimentação do gado

Custos maiores para alimentação do gado provocaram pressão adicional sobre as carnes, de acordo com ele. Peçanha destaca a subida de grãos durante a pandemia e os efeitos adversos do clima, que prejudicaram pastagens no País. “Em um período de quatro anos, há o efeito inercial da inflação. E, de 2020 para cá, tivemos um processo inflacionário forte dos alimentos, das carnes especificamente. Isso veio por conta de questões internas, como os problemas climáticos, e também por fatores externos e câmbio”, diz Peçanha.

Os dados da cesta básica divulgada pelo Procon-SP mostram que a carestia não se resumiu à carne bovina desde a Copa de 2018.

O quilo da linguiça fresca em São Paulo, por exemplo, subiu de R$ 12,54 em julho daquele ano para R$ 21,30 em igual mês de 2022. A alta foi de 69,9%. No mesmo período, o preço médio do quilo do frango resfriado inteiro mais do que dobrou, de R$ 5,76 para R$ 11,86.

Possíveis acompanhamentos para o churrasco em dias de jogos também ficaram mais caros. O pacote de cinco quilos de arroz avançou 62,1%, de R$ 12,10 para R$ 19,62. O quilo do pão francês subiu 41,2%, de R$ 11,28 para R$ 15,93.

A farinha de mandioca, por sua vez, aumentou 32%, de R$ 4,35 para R$ 5,74. O quilo da batata – usada na salada ou maionese de batatas, dependendo do nome adotado em cada região – teve alta de 121,4% (de R$ 2,57 para R$ 5,69).

Em julho de 2018, a cesta básica divulgada pelo Procon-SP custava R$ 695,93. Trata-se de um valor médio de 39 produtos, incluindo alimentos e itens de limpeza e higiene pessoal. Em julho de 2022, a cesta foi calculada em R$ 1.266,92. Ou seja, a alta foi de 82% no período. (Leonardo Vieceli)

Fonte: https://mundoagrobrasil.com.br/carne-precos-consumo-copa-2022/