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Projeto ABC Cerrado recupera mais de 93 mil hectares de pastagens degradadas em 8 estados
A ministra Tereza Cristina participou da apresentação dos resultados do projeto. A área recuperada equivale a 110 mil campos de futebol
A ministra Tereza Cristina (Agricultura, Pecuária e Abastecimento) participou nesta quarta-feira (6) da apresentação dos resultados do Projeto ABC Cerrado. A iniciativa recuperou, em cinco anos, mais de 93 mil hectares de pastagens degradadas no bioma, com capacitação e assistência técnica e gerencial para 7,8 mil produtores rurais que adotaram tecnologias de baixa emissão de carbono na Bahia, Goiás, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Minas Gerais, Piauí, Tocantins e no Distrito Federal. A área equivale a 110 mil campos de futebol.
O ABC Cerrado é uma parceria entre o Mapa, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar)/Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e recursos do Fundo de Investimento Florestal (FIP, em inglês), administrados pelo Banco Mundial.
No evento, a ministra destacou que os resultados mostram como é possível aliar sustentabilidade com a agropecuária, além de proporcionar a ampliação da produção por meio do investimento em áreas degradadas. “O produtor rural acreditou porque investindo nas suas pastagens degradadas, no solo já exaurido, viu que esse investimento traz de volta para ele renda”, disse.
Tereza Cristina destacou ainda a destinação de US$ 10,6 milhões dos fundos internacionais no projeto. “É o que precisamos mostrar para o mundo o que já fazemos”. O evento teve a participação de representantes de embaixadas de diversos países.
A ministra informou que terá reunião com o Banco Mundial, nos Estados Unidos, para tratar de mais recursos para projetos como o ABC Cerrado. A viagem para o país será entre 17 e 23 de novembro. Segundo a ministra, há 4 mil produtores rurais interessados em ingressar no ABC Cerrado.
Ela ainda pediu aos produtores que busquem informações com sindicatos e federações sobre ferramentas para melhorar a produtividade, e assim conseguirem conquistar novos mercados.
O presidente da CNA, João Martins, o projeto é a prova de que o produtor rural tem “competência de reverter terras degradadas em produtivas e fazer uma agricultura e pecuária com sustentabilidade”.
Os dados do projeto foram apresentados pelo diretor-geral do Senar, Daniel Carrara. Ele ressaltou que a iniciativa não é focada em grandes produtores, mas é um programa também para o médio e pequeno produtor rural. Conforme os dados, 86% das propriedades participantes têm até 500 hectares e a tecnologia mais adotada pelos produtores foi recuperação de pastagens degradadas.
Já o presidente da Embrapa, Celso Moretti, destacou que o Cerrado pode se tornar um dos maiores “celeiros de produção de alimentos do mundo” com o uso das novas tecnologias. “Tecnologias como ILPF, plantio direto, recuperação de áreas degradadas podem contribuir para maior sustentabilidade da agropecuária. O Brasil não precisa cortar mais nenhuma árvore para aumentar sua produção, apenas incorporar áreas degradadas de forma sustentável”.
A gerente de operações do Banco Mundial para o Brasil, Doina Petrescu, afirmou que é gratificante para a instituição apoiar “uma das maiores políticas climáticas da agricultura sustentável do mundo”. “O Plano ABC responde aos compromissos assumidos pelo Brasil de redução das emissões de gases de efeito estufa no setor agropecuário e ajuda o país a reafirmar sua liderança na agenda de desenvolvimento sustentável, equilibrando produção agrícola e conservação ambiental”.
O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, Alceu Moreira (MDB-RS), participou do evento e afirmou que o projeto traz credibilidade para o produtor rural continuar trabalhando.
Na cerimônia, 12 produtores receberam certificados, representando os mais de 7 mil produtores que foram capacitados em cinco anos de projeto. Um deles é o veterinário e produtor André Luís Toniasso Leandro, do município de Rochedo, (MS). Ele conta que está no ABC Cerrado há quatro anos. Depois da adesão ao projeto, a produtividade de gado cresceu, chegando a cinco e seis arrobas por hectare, além das melhorias no combate à pragas.
“É um aprendizado que não tem como voltar, você não regride. O intuito é manter a linha de aprendizado e melhorar cada vez mais, buscar novos cursos do Senar e melhorar cada dia mais”, relatou.
Resultados
Os dados fazem parte de um estudo inédito que avaliou os impactos da adoção das tecnologias pelos produtores rurais. Segundo os resultados, foi possível perceber que a adoção das tecnologias: Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF), Recuperação de Pastagens Degradadas, Sistema Plantio Direto e Florestas Plantadas, permitiu ao produtor incrementar a renda e diversificar a atividade produtiva com conservação ambiental.
As principais cadeias atendidas foram bovinoculturas de corte e leite e agricultura.
Nas áreas recuperadas, por exemplo, a produtividade na cadeia da bovinocultura de corte subiu de 0,7 unidade/animal por hectare para 2,5. O ganho de peso dos animais com a renovação da pastagem também aumentou, passando de 400 para 900 gramas/dia. E o tempo de abate reduziu de 36 para 19 meses.
Os resultados ultrapassaram as metas estabelecidas em 2015, quando o projeto começou. Ao todo, mais de 18 mil pessoas foram beneficiadas pelo ABC Cerrado em cinco anos, entre produtores e parentes, estudantes e técnicos, 54% a mais que a meta inicial de 12 mil.
Outro dado importante observado durante a avaliação de impacto do projeto foi que ao unir capacitação e assistência técnica e gerencial, 11 vezes mais produtores adotaram tecnologias de baixa emissão de carbono se comparados aos produtores que não participaram da iniciativa.
Foram mais 214 mil horas de assistência técnica seguindo cinco passos: diagnóstico produtivo individualizado, planejamento estratégico, adequação tecnológica, capacitação profissional complementar e avaliação sistemática dos resultados.
O ABC Cerrado também contribuiu para manter a área de vegetação nativa dentro das propriedades rurais, como as áreas de preservação permanente e reserva legal. Em cinco anos, houve um incremento de 192,5 mil hectares de vegetação nativa, ou seja, ao adotar tecnologias e boas práticas agrícolas, o produtor rural aumentou a produtividade em um mesmo espaço, evitando a abertura de novas áreas no Cerrado.
Para mais informações, o Senar disponibilizou um resumo executivo do projeto na sua página na internet.