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Balança Comercial dos Agronegócios Paulista e Brasileiro de Janeiro a Agosto de 2020
De janeiro a agosto de 2020, as exportações do Estado de São Paulo1 somaram US$26,46 bilhões (19,1% do total nacional), e as importações2 US$31,19 bilhões (30,6% do total nacional), registrando deficit comercial de US$4,73 bilhões (Figura 1). Em relação ao mesmo período de 2019, houve queda nas exportações (-18,5%) e nas importações
(-21,9%); essa conjunção de desempenhos resultou em menor deficit (-36,5%) na balança paulista nos oito primeiros meses de 2020.
Ao se analisar o comportamento mensal, no mês de agosto de 2020, as exportações do Estado de São Paulo somaram US$3,35 bilhões e as importações US$3,73 bilhões, registrando um deficit de US$380 milhões (Tabela 1). Na comparação com agosto de 2019, o valor das exportações paulistas teve queda de 17,7%, e o valor das importações caiu 28,4%.
bserva-se na tabela 1 que as exportações mensais de 2020 registraram variações negativas em relação aos meses de 2019, principalmente nos meses de abril (-35,8%) e maio (-28,1%). O principal motivo dessa expressiva queda no acumulado de 2020 é a pandemia da covid-19, que afetou as exportações de algumas principais mercadorias da indústria extrativista e de transformação, como os óleos brutos de petróleo, aviões peso superior 15 toneladas, automóveis, querosenes de aviação, gasolina e óleo combustível, entre outros.
1.1 – Análise setorial do agronegócio
Na análise setorial do agronegócio, o resultado dos oito primeiros meses de 2020, na comparação com o mesmo período do ano anterior, indica que o agronegócio3 paulista apresentou aumento nas exportações (+10,7%), alcançando US$11,10 bilhões, e queda nas importações (-13,9%), totalizando US$2,73 bilhões; com estes resultados, obteve-se superavit de US$8,37 bilhões, (+22,0%) quando comparado ao mesmo período de 2019.
A participação das exportações do agronegócio paulista no total do estado é de 42,0%, enquanto a participação das importações setoriais é de 8,8%.
Há que se destacar que as exportações paulistas nos demais setores da economia – exclusive o agronegócio – somaram US$15,36 bilhões, e as importações US$28,46 bilhões, gerando um deficit externo desse agregado de US$13,10 bilhões. Dessa forma, conclui-se que o deficit do comércio exterior paulista só não foi maior devido ao desempenho do agronegócio estadual, cujo saldo se manteve positivo (US$8,37 bilhões).
A tabela 2 apresenta os resultados mensais da balança comercial do agronegócio paulista. Analisando o comportamento de agosto 2020, as exportações do Estado de São Paulo somaram US$1,37 bilhão e as importações US$0,29 bilhão, registrando superavit de US$1,08 bilhão. Na comparação com agosto de 2019, o valor da balança comercial teve alta de 3,0% nas exportações e queda de -23,7% nas importações.
1.2 – Exportações do agronegócio paulista por grupos de produtos
Os cinco principais grupos nas exportações do agronegócio paulista, de janeiro a agosto de 2020, foram: complexo sucroalcooleiro (US$3,61 bilhões, sendo que desse total o açúcar representou 84,9% e o álcool 15,0%), seguido do grupo de complexo de soja (US$1,81 bilhão), do setor de carnes (US$1,47 bilhão, em que a carne bovina respondeu por 85,9%), dos produtos florestais (US$1,02 bilhão, com participações de 50,5% de papel e 37,9% de celulose) e dos sucos (US$845,11 milhões, dos quais 96,4% referentes a sucos de laranja). Esses cinco agregados representaram 78,9% das vendas externas setoriais paulista.
Ainda de acordo com a tabela 3, na comparação com os oito primeiros meses de 2019, houve importantes variações nos valores exportados dos principais grupos de produtos da pauta paulista, com aumentos para os grupos do complexo sucroalcooleiro (+39,1%), complexo soja (+27,1%) e de carnes (+12,2%), e quedas para produtos florestais (-14,8%) e sucos (-22,2%). Essas variações nas receitas do comércio exterior são derivadas pela composição das oscilações tanto de preços como de volumes exportados.
1.3 – Exportações dos Principais Produtos do Agronegócio Paulista
Os dados de valor e volume exportados dos principais produtos dos grupos mais relevantes do agronegócio paulista nos oito primeiros meses de 2020 em comparação com o mesmo período de 2019 são apresentados na tabela 4.
Desses grupos relevantes, o sucroalcooleiro é o que apresenta a maior participação (32,5%) nas exportações paulistas. No total, o grupo cresceu 39,1% em valores e 50,9% em volumes exportados, devido ao bom desempenho das vendas externas do açúcar (52,3% em valores e 56,2% em volume). Para o álcool, os embarques apresentaram aumento de 8,3% e queda de -6,5% em valores, quando comparados com o mesmo período de 2019.
O grupo composto pelo complexo soja apresenta-se em segunda posição com alta nos embarques (29,5%) e em valores (27,1%). A soja em grão apresentou os maiores valores e volumes (33,5% e 37,6%, respectivamente).
O grupo de carnes tem a terceira posição na pauta do estado e apresentou avanço (12,2%) em valores e volume (9,0%) em relação aos primeiros oito meses de 2019. A carne bovina foi o produto de maior contribuição no grupo com crescimentos de 16,2% em valores e de 11,6% em volume exportados. O desempenho da carne de frango foi de retração em valores (-7,8%) e crescimento (5,0%) em volumes. A carne suína apresentou aumentos expressivos de 83,5% em valores e de 82,8% na quantidade embarcada.
Os produtos florestais apresentaram menor desempenho entre janeiro e agosto de 2020, com queda de -14,8% em valores em relação ao período do ano anterior. O produto papel, principal item do grupo na pauta paulista, obteve variação negativa quanto aos valores (-24,1%) e ao volume (-13,0%). As exportações dos produtos de celulose apresentaram queda nos valores (-5,2%) e crescimento em volume (39,5%).
O suco de laranja (FCOJ concentrado) exibiu queda de -5,2% no valor e aumento de 22,9% em volume exportado. Já para o suco NFC (não congelado), as vendas externas recuaram em valores (-15,7%) e em volume (-11,9%). A variação total das exportações do grupo de sucos foi de -22,2% em valores na comparação com os oito primeiros meses de 2019.
Para o grupo do café, os resultados apontaram variações negativas de -2,2% nos valores das exportações paulista. O principal produto deste grupo é o café verde, que apresentou aumento de 1,8% em valores e queda de -3,6% em quantidades exportadas pelo estado, enquanto o café solúvel, apesar da queda de -12,9% em valores, apresentou aumento de 4,8% em volume comercializado.
2 – BALANÇA COMERCIAL DO BRASIL
A balança comercial brasileira registrou superavit de US$36,28 bilhões no período de janeiro a agosto de 2020, com exportações de US$138,32 bilhões e importações de US$102,04 bilhões. Esse resultado indica aumento de 12,8% no superavit comercial em relação ao mesmo período de 2019, devido ao menor recuo das exportações (-7,3%) em relação as importações (-12,9%).
A tabela 5 apresenta o comportamento mensal, no mês de agosto de 2020, indicando que as exportações brasileiras somaram US$17,74 bilhões e as importações US$11,13 bilhões, apresentando superavit de US$6,61 bilhões. Na comparação com agosto de 2019, o valor das exportações recuou 9,8% e das importações a queda foi de -28,5%, resultado impactado pelos efeitos econômicos causados pelo coronavírus.
2.1 – Análise Setorial do Agronegócio
Na análise setorial, as exportações do agronegócio brasileiro nos oito primeiros meses de 2020 apresentaram alta (8,3%) em relação ao mesmo período do ano anterior, alcançando US$69,63 bilhões (50,3% do total nacional). Já as importações recuaram 11,9% no período, registrando US$8,13 bilhões (8,0% do total nacional).
O superavit do agronegócio foi de US$61,50 bilhões no período, sendo 11,7% superior na comparação entre janeiro e agosto de 2019.
Nota-se, nos últimos meses, um aumento da participação do agronegócio no total de exportações brasileiras, em decorrência dos efeitos do coronavírus sobre os demais setores da economia, sendo que a participação das exportações do agronegócio no total nacional aumentou 7,2 pontos percentuais, e a das importações aumentou 0,1 p.p. no período analisado.
Portanto, o comércio exterior brasileiro só não foi deficitário devido ao desempenho do agronegócio, uma vez que os demais setores da economia, com exportações de US$68,69 bilhões e importações de US$93,91 bilhões, produziram um deficit de US$25,22 bilhões nos oito primeiros meses de 2020.
A tabela 6 mostra os resultados mensais da balança comercial do agronegócio nacional. Em agosto de 2020, as exportações somaram US$8,91 bilhões e as importações US$0,91 bilhão, registrando superavit de US$8,00 bilhões. Na comparação com agosto de 2019, o valor do saldo da balança comercial cresceu 11,7%, com acréscimos de 7,9% nas exportações e queda de -17,3% nas importações.
2.2 – Exportações do Agronegócio Brasileiro por Grupos de Produtos
Os cinco principais grupos nas exportações do agronegócio brasileiro nos oito primeiros meses de 2020 foram: complexo soja (US$30,28 bilhões), carnes (US$11,29 bilhões, com a carne bovina representando 48,3% desse total, a de frango 36,1% e a suína 13,1%), produtos florestais (US$7,49 bilhões, com participações de 53,8% de celulose e 30,0% de madeira), complexo sucroalcooleiro (US$5,72 bilhões, dos quais 88,3% de açúcar), e o grupo de café (US$3,33 bilhões, sendo que 88,8% se refere ao café verde). Esses cinco grupos agregados representaram 83,5% das vendas externas setoriais brasileiras.
Conforme a tabela 7, na comparação com os oito primeiros meses de 2019, houve importantes variações nos valores exportados dos principais grupos de produtos do agronegócio brasileiro, com destaque para os grupos de complexo soja (+25,6%), carnes (+8,8%), produtos florestais (-19,1 %), complexo sucroalcooleiro (+50,5%) e café (-1,6%). Essas variações nas receitas do comércio exterior são derivadas pela composição das oscilações tanto de preços como de volumes exportados.
Destaque também para o grupo de fibras e produtos têxteis, que registrou aumento de 32,6% nas vendas externas somando US$1,75 bilhão, ocupando a sétima posição na pauta de exportações, sendo que o produto algodão não cardado nem penteado tem 89,2% de participação desse grupo.
2.3 – Exportações dos Principais Produtos do Agronegócio Brasileiro
A tabela 8 apresenta os dados de valor e volume exportados dos principais produtos dos grupos mais relevantes do agronegócio brasileiro e suas respectivas variações no período de janeiro a agosto de 2020 em comparação com o mesmo período de 2019.
Desses grupos relevantes, o complexo soja é o que mostra a maior participação (43,5%) nas exportações brasileiras, apresentando alta de 25,6% em valores e de 29,0% em volumes exportados em 2020. A soja em grão, principal produto do grupo, exibiu aumentos de 30,8% e 33,7% em valores e quantidades exportadas respectivamente. A China representa 61,9% das compras desse grupo, seguida pela União Europeia (15,7%) e Tailândia (4,3%); os demais países importadores somam 18,1%.
O grupo de carnes, que tem a segunda posição na pauta brasileira, apresentou avanço de 8,8% em valores e 7,5% em volume em relação aos primeiros oito meses de 2019. A carne bovina contribuiu nesse resultado com crescimento de 23,4% em valores e 12,3% em volume exportados. Com resultados positivos mostra-se a carne suína (52,3% e 42,5%), e a de frango com perdas em valores (-12,9%) e em volume (-0,1%). Nesse grupo, a China se destacou como principal destino e representa 37,4% das compras de carnes, provocados pela maior demanda de proteína animal, sofrendo ainda com a redução do plantel de suínos. Na sequência aparecem Hong Kong (11,4%), União Europeia (6,4%), Arábia Saudita (4,9%) e Japão (4,5%); Emirados Árabes Unidos (3,6%), Egito (3,2%) e os demais países somam 28,6% de participação.
No grupo produtos florestais, todos os subgrupos de produtos apresentaram variações negativas nos valores exportados, com ligeira variação no volume total do grupo. Assim, esse agregado apresentou queda de 19,1% nas receitas, enquanto houve variação positiva de 4,9% no volume exportado, denotando queda nos preços internacionais. A celulose, principal produto do grupo, apresentou variação negativa de -27,4% no valor e elevação de 4,3% na quantidade embarcada. Os principais países importadores desse grupo são China (27,6% de participação), Estados Unidos (23,4%) e a União Europeia (19,8%); os demais importadores somam 29,3% de participação.
Para o grupo sucroalcooleiro os resultados foram positivos, com crescimento em valores e quantidades embarcadas (50,5% e 60,9%, respectivamente). O açúcar puxou o bom desempenho do grupo, apresentando aumentos expressivos para valores (58,8%) e volumes (64,0%) no período analisado. O destino das exportações desse grupo é bem diversificado, apresentando como principais compradores China (9,8%), Argélia (7,6%), Bangladesh (7,4%), Estados Unidos (7,4%), Indonésia (5,8%), Índia (4,5%), Nigéria (4,5%), Arábia Saudita (4,5%) e Marrocos (4,3%); os demais países somam 44,3% de participação.
O grupo do café apresenta desempenho negativo em valores (-1,6%) e em quantidades (-3,8%), sendo o café verde o principal produto com variações negativas de -1,0% em valores e de -4,1% em quantidades exportadas pelo país. Isso se deve às incertezas do mercado internacional com relação ao consumo da bebida, especialmente fora do lar (cafeterias, bares e restaurantes), em decorrência das ações governamentais vinculadas ao combate da pandemia (lockdown e quarentena) que pressionaram as cotações. Ademais, o ciclo bienal de baixa nas lavouras brasileiras (safra 2019/20) fez escassear o produto disponível para embarque, deprimindo as quantidades enviadas ao exterior. Quanto às participações dos países destinos das exportações em valores, a União Europeia representa 48,2% desse grupo, Estados Unidos com 18,7%, Japão 6,0%, Rússia 3,2% e Turquia 2,9%; os demais países importadores somam 20,9% de participação.
No grupo de fibras e produtos têxteis, destaca-se o algodão não cardado nem penteado com expressivas variações positivas de 48,3% em valor e 63,1% em volume. A China é o principal comprador com 22,3%, seguida de Vietnã (14,7%), Turquia (12,5%), Paquistão (11,4%), Bangladesh (10,9%), e Indonésia (10,6%); os demais importadores participam com 17,6%.
Para o grupo de cereais, farinhas e preparações, o arroz, com exportações de 1,15 milhão de toneladas, apresenta aumento de 73,5% na comparação de janeiro a agosto de 2019, enquanto no mesmo período as importações foram de 417 mil toneladas, representando queda de 17,2%. O maior volume exportado, por conta da desvalorização do real, contribuiu com o desabastecimento interno, ocasionando pressão altista nos preços do produto.
No caso do milho, principal produto do grupo, o comportamento é inverso, com quedas para valores (-40,5%) e volumes (-37,5%).
3 – PARTICIPAÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO NO BRASIL
A participação paulista no total da balança comercial brasileira (todos os setores da economia) apresentou quedas de 2,7 pontos percentuais nas exportações e de 3,5 p.p. nas importações nos oito primeiros meses de 2020, apontando valores de 19,1% nas exportações e de 30,6% de representatividade para as importações.
Para o agronegócio, as exportações setoriais de São Paulo nos oito primeiros meses de 2020 representaram 15,9% em relação ao agronegócio brasileiro, valor de 0,3 ponto percentual superior ao registrado no mesmo período de 2019; já as importações tiveram ligeira queda (0,7 p.p.) passando de 34,3% para 33,6%.
Fonte: IEA – https://www.noticiasagricolas.com.br/noticias/agronegocio/269411-balanca-comercial-dos-agronegocios-paulista-e-brasileiro-de-janeiro-a-agosto-de-2020.html#.X2t0wGhKiUk